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A pintura como tessitura improvável

 

A tela é um objeto relegado à função de bastidor. Madeira tencionando um tecido, um exercício de tração, de força, de dinamismo oculta ao publico. Os encaixes da madeira, as inscrições cifradas, as texturas omissas, as suturas, as urdiduras da tela... Tantas plasticidades abrigam-se sob um mesmo objeto e omitem-se em sua qualidade de suporte.

 

O exercício de autonomia desses elementos nos conduz à tessitura: deslinda-se a tela em feixes distintos, em fissuras, em diferentes nervuras. A qualidade indagativa e o gesto subversivo de Fontana encontra a (a)morosidade tecelã de Penélope.

 

O resultado é esse monocromo, campo cromático que dispensa pigmento ou aglutinante, que se faz dobra, trança, fenda, trama... Essa malha, como derme fina, que inspira o tato; a pintura dilacerada, convertida em flâmula.

 

 

Catalogo da exposição 20- pintura & pictorialidade em Brasília 2000 – 2014

Matias Monteiro

Cartas aos artistas//Samantha Canovas

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