Mundos frágeis adquiridos
No despedaçamento de um só.
E o saber do real múltiplo
E o sabor das reais possíveis
E o livre jogo instituído
Contra a limitação das coisas
Contra a forma do espelho.
Orides Fontela
[ um olho caminha no espaço. vê no mundo um corpo que ficasse marcado da veia, ruga, cicatriz, sujeira, esforço, ideia, encontro, sensação. a passagem revela algo que tenta escapar ao visível.
então o olho busca apreender o rastro, o que acontece, e desatina a buscar o mundo como possibilidade.
[ modos de ver: a massa física ou translucida do gesto fantasma : a tela o papel o ar feito superfícies possíveis ou transponíveis : memoria de acontecimento nem-visto. marcha do tempo no espaço : rasgo, corte, fissura, queda, monte, suspensão, vento, passo, miragem : partir do chão onde a cidade se funda e alastra. ver a terra : procurando o que vai escondido no branco ou que o branco ilumina – atrás, por dentro, por cima , através. isto e aquilo. as trocas : caminhos do desejo, do desvio, da pausa-pensamento. desfiar a tela como um outro jeito de tecer : vestígio dissolvido ou revelado. procurar que historia conta a passagem (de gente, matéria, coisas) : convergir o movimento do olho, dos pés, da mão, do corpo : inventar o mundo impresso num sudário : imaginando a pintura do espaço.
Ludmilla Alves
Texto da exposição Plano Expandido, 2014
Galeria Espaço Piloto, UnB